terça-feira, 10 de maio de 2011

Serologia

Importância de exames de sangue na interpretação de um crime


O estudo das manchas de sangue para fins forenses é feito pela Serologia.
Crimes bárbaros infelizmente acontecem todos os dias. Muitos ficam impressionados, tanto no cinema como na vida real, quando vêem o sangue da vítima. Há quem até desmaie. Cenas de crimes realizados com faca, arma de fogo e outras são muito traumatizantes. Mas um perito nesta área por mais estranho que possa parecer, está acostumado, e um dos seus objectivos na análise da cena do crime á achar evidências de sangue.
As técnicas de investigação com recursos científicos remontam ao século I, quando o romano Quintiliano descobriu que um homem assassinou a própria mãe depois de analisar vestígios de sangue nas mãos do culpado.
Desde essa altura que os avanços no conhecimento científico deram suporte a investigações das mais variadas áreas.
Existem situações em que a mancha de sangue é evidente. Localiza-se, por exemplo, próximo ao corpo alvejado por um disparo de arma de fogo. Contudo, há casos em que a mancha não é explícita. Existe a possibilidade, também, de que o criminoso limpe a cena do crime.
O aspecto, a distribuição e o tamanho das manchas na vítima ou nas roupas pode servir, e são de facto utilizadas muitas vezes, para interpretar e reconstituir certos pormenores do crime, por exemplo a posição em que estava a vítima, o tempo que esteve a sangrar. Assim, a forma como sai depende de como a lesão é feita.
A existência de vestígios de sangue em armas de fogo ou em armas brancas pode também ajudar na reconstituição do crime.

        Forma Gotejante                                  Forma Transferida
Tipos de manchas de sangue

Na cena do crime nem sempre a mancha de sangue é perceptível. Alguém poderia, por exemplo, limpar o local, a fim de encobrir o acontecido, porém para sorte nossa e dos peritos, o luminol reage com quantidades diminutas de sangue, a luz que emite pode chegar aos impressionantes 1/1.000.000.000, mesmo em locais com azulejo, pisos cerâmicos ou de madeira, que tenham sido lavados. A eficácia do produto é tão elevada que é possível a detecção de sangue mesmo que já se tenham passado seis anos. A reacção química produzida não afecta a cadeia de ADN, permitindo o reconhecimento dos criminosos ou da vítima. Por isso é recomendado para os locais onde há suspeita de homicídio e superfícies que, aparentemente, não exibem manchas de sangue.
Alguns casos


Luminol

®       A presença de sangue bem como a quantidade, a localização e o aspecto das manchas serviram de base para que em Tribunal pudesse ser dado o parecer de que o banco ao lado do condutor, alguém teria permanecido um certo tempo a sangrar, muito para além dos fugazes minutos gastos na queda da viatura;

®       Uma mulher matou o marido e fez crer que ele morreu de morte natural; passados uns tempos levantam-se suspeitas de crime e numa busca à casa da vítima verificou-se que um sofá se encontrava levemente machado. Apesar de o sofá apresentar ténues vestígios, constatou-se que interiormente a espuma se encontrava bastante impregnada de sangue. A grande quantidade de vestígios de sangue e o seu aspecto indicavam que naquele sofá alguém teria estado a sangrar durante um certo tempo;

®       Citando o caso da morte de uma rapariga, o crime foi cometido com uma espingarda. Pela existência de uma certa quantidade de sangue no interior do cano deduziu-se que a arma teria disparado encostada à vítima, tendo havido como que uma sucção do sangue desta;

®       Numa faca utilizada num homicídio observam-se vestígios no cabo e na lâmina, fazendo supor que poderia haver duas pessoas feridas, o que posteriormente se provou através dos grupos sanguíneos.

Identificação de sangue


As unidades de sangue: o ser humano tem, aproximadamente, 5 a 6 litros de sangue.
É evidente que os peritos em exames de sangue não se podem limitar à observação das manchas, porquanto todo o seu trabalho tem de ter um suporte científico. Mesmo tratando-se de um perito experiente neste tipo de exames, por norma nunca pode afirmar estar perante manchas de sangue só porque aquelas têm a cor ou o aspecto deste.
É evidente que só os testes de identificação possibilitam afirmar tratar-se ou não de sangue. Por vezes, aparecem exames de facas ou outros instrumentos metálicos em que a ferrugem se assemelha a sangue seco.
Ao estudo da forma, da cor, da distribuição e até da quantidade de sangue e respectiva identificação laboratorial seguem-se outros tipos de análise, também elas necessárias por se revelarem excelentes auxiliares na investigação criminal.


Determinação da espécie animal


Na aplicação de técnicas práticas idênticas às dos melhores laboratórios da Europa, têm surgido situações interessantes que em certos casos foram fundamentais para a interpretação de actos criminais.
Alguns casos:
®     Um camião foi detido próximo de Vila Franca de Xira por suspeita de que o respectivo condutor se teria posto em fuga depois de haver provocado um morto por atropelamento. Num dos pneus da frente foram, de facto, encontrados vestígios de sangue. Porém, na determinação da espécie constatou-se que se tratava de sangue de cão.

®     Numas cordas pertencentes a um indivíduo suspeito de roubar ovelhas detectaram-se de facto vestígios de sangue da espécie ovina, prova de que serviu certamente para repor a verdade dos factos.

®     Num exame às roupas de um suspeito de prática de homicídio verificou-se a presença de várias manchas. Umas eram de porco (aliás o indivíduo, dissera ele, esteve numa matança), mas a maior parte eram de sangue humano e é possível que esteja implicado no crime.

Como funciona a análise de vestígios de sangue


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